Longe de desaparecer ou ser deslocada para a esfera da consciência individual, como afirma a teoria clássica da secularização, a religião continua sendo uma dimensão importante na vida de muitos indivíduos, enquanto em algumas sociedades - mesmo na Europa ocidental "secular" - manteve, ou recuperou, alguma incidência na esfera pública. A atual explosão de doutrinas, grupos, filosofias, novas sensibilidades e formas de religiosidade, "fundamentalismos", novos credos e novas formas de sincretismo constituem um grande desafio para as Ciências Humanas, alimentando importantes debates conceituais e metodológicos, pautados no revisionismo crítico de questões tais como: o que é uma religião? É uma necessidade natural do homem ou é uma mera construção cultural? Como pensar sobre a secularização? Como as instituições de um estado que desejam o secularismo enfrentam o desafio da pluralização religiosa e a presença de religiões que não admitem a distinção ocidental entre público e privado? Encontrar respostas apropriadas para essas questões justifica e demanda a elaboração de aproximações de caráter histórico capazes de emprestar conteúdo concreto e empírico para uma teoria - a de secularização, que com frequência foi julgada suficientemente evidente para poder dar-se ao luxo de deles prescindir.